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sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

CECIL B. DEMILLE - The King of Kings (1927)



Para esta quadra, um excerto de uma obra-prima de Cecil B. DeMille: The King of Kings (1927)

Nos finais dos anos 30, atendendo a um artigo do New York Times, de 1928, que apontava críticas a DeMille, mostrar Cristo no ecrã ainda desencadeava alguma desconfiança. Mas o realismo do novo meio é que parecia inusitado, porque as imagens de DeMille não se afastavam radicalmente das que a cultura vinha a divulgar nos séculos anteriores, antes se inseria muto bem nesse quadro cultural. O olho detalhado com que DeMille retratou Cristo, em múltiplos close-ups, mostrando mãos, objetos, tudo pareceu novidade, mas DeMille capitalizou várias experiências anteriores e limitou-se a fazer um tratamento muito original do tema.
In: Mendes, Elsa - A Cruz, o Gládio e a Espada: representações da História no Cinema de Cecil B. DeMille (1881-1959) - tese de doutoramento em Estudos de Literatura e de Cultura, Estudos Americanos ( UL - FLUL), 20\12.
A tese está a ser preparada para publicação, com grande contentamento meu...

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Tendências DeMilleanas

   O «American Sublime» em Os Dez Mandamentos (1956)

O cinema de DeMille apostou numa retórica didáctica vasta de controlo. Os seus filmes bíblicos funcionaram como sermões que, procurando incutir ideias sobre a missão norte-americana no mundo, espelharam a persistência da denominada jeremiada na cultura norte-americana, no sentido apontado por Sacvan Berkovitch. Os heróis históricos de DeMille (Moisés, Sansão, Nefretiri, Dalila, Maria Madalena) foram veículos dessa retórica, projectando ideias moralizadoras de DeMille sobre o presente, sobre situações limite facilmente apropriáveis pelo público contemporâneo (a orgia, a arena, o cataclismo), e sobre a simbólica associada aos motivos naturais (a montanha, o mar, o deserto), em conjuntos de largo recorte arquetípico e conotados com o «american sublime».

sábado, 22 de maio de 2010

DeMille e a História

Os Dez Mandamentos, Cecil B. DeMille, 1956

O olho de DeMille é o da perspectiva artificialis herdada do Renascimento e Barroco. É um olho que traz a carga de uma tradição cultural transportada para o cinema. Para o melhor e para o pior, a América foi a terra onde a real thing foi mais valorizada ( Umberto Eco). Reina a ideia de que pode dar-se a ver os pormenores do passado como nunca ninguém viu, mostrar o more real than reality... . No melhor dos casos, tal concepção mostrou-nos coisas que nunca poderíamos ver e algumas delas estão mesmo no cinema. No pior dos casos, somos presenteados com a maior das traquitanas kitsch em forma de cópia fiel e absoluta, e vendida como sendo mais realista do que a própria realidade, o que também não deixa de ser extraordinário . The real thing, onde «cowboys convivem com faráos e as deusas gregas com gangsters.» A América apresenta-se como a terra onde o iconismo absoluto vingou e se apresentou como uma realidade muito mais do que a outra. É a terra do simulacro e simulação. O cinema de Hollywood reflectiu isto e, deste ponto de vista, o cinema de DeMille foi uma extraordinária máquina de reproduzir e representar o passado (a partir de uma efectiva e comprovada consulta de fontes que o realizador nunca se cansou de sublinhar...) e foi ao encontro de pulsões  essenciais no modo único dos norte-americanos verem o mundo...

domingo, 16 de maio de 2010

De Mille e a História

Imagens de: North West Mounted Police, Reap de Wild Wind e Union Pacific ( actores da esquerda para a direita: Robert Preston, Paulette Goddard, Gary Cooper, P. Goddard e John Wayne, Barbara Stanwick e Joel Mcrea)


 A partir de 1939, dizia-se  que na América dos anos trinta se tinha reconquistado prosperidade sem grandeza, e saúde sem sentido de destino. Era, portanto, preciso ir buscar ao passado norte-americano o sentido faltava. DeMille investigou a história norte-americana  e realizou uma série de filmes notáveis: The Plainsman (1936), passado no final da Guerra Civil, The Buccaneer (1938), passado durante a Guerra de 1812 com Inglaterra, onde se conta a história do pirata J. Lafitte, Union Pacific (1939), sobre a chegada do caminho-de-ferro à California, North West Mounted Police (1940), passado na fronteira com o Canadá em finais do século XIX, Reap the Wild Wind (1942), sobre o negócio dos cargueiros no Atlântico em meados do século XIX, The Story of Dr. Wassel (1944), sobre a presença norte-americana no Sudeste Asiático durante a 2.ª Guerra Mundial – inteiramente contemporâneo – e Unconquered (1947), passado na Virgínia, no século XVIII. Trata-se de um verdadeiro corpus para uma  investigação sobre representações da história norte-americana. Depois do passado longínquo, DeMille regressou aos founding fathers, os pioneiros norte-americanos , assumindo em pleno o significado ideológico do título da célebre obra de F. J. Turner, The Significance of the Frontier in American History, publicado em 1893. A nação americana assumia-se em terras de fronteira e esse era o grande tema de DeMille. Ao mesmo tempo, o realizador assumiu também o ponto de vista de que parece nunca ter abdicado: o de contar a história fundadora da nação norte-americana como a da instauração de uma moral. Nesse sentido, Sansão e Dalila e Os Dez Mandamentos, projectando de múltiplas formas o filão moralizador, vão aparecer como obras-primas, excessivas, obras de arte totais que unificaram esta visão de forma exemplar.