O «American Sublime» em Os Dez Mandamentos (1956)
O cinema de DeMille apostou numa retórica didáctica vasta de controlo. Os
seus filmes bíblicos funcionaram como sermões que, procurando incutir ideias sobre a
missão norte-americana no mundo, espelharam a persistência da denominada
jeremiada na cultura norte-americana, no sentido apontado por Sacvan
Berkovitch. Os heróis históricos de DeMille (Moisés, Sansão, Nefretiri, Dalila,
Maria Madalena) foram veículos dessa retórica, projectando ideias moralizadoras
de DeMille sobre o presente, sobre situações limite facilmente apropriáveis
pelo público contemporâneo (a orgia, a arena, o cataclismo), e sobre a
simbólica associada aos motivos naturais (a montanha, o mar, o deserto), em
conjuntos de largo recorte arquetípico e conotados com o «american sublime».
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