segunda-feira, 17 de maio de 2010

Wagner e Veneza

Nos últimos anos de vida, Wagner adquiriu o hábito de ir passar os seus invernos na Itália, porque tinha dificuldade em lidar com o frio. Em Setembro de 1882, deixou Bayreuth pela última vez e foi para Veneza com a mulher e os filhos, instalando-se no Palazzo Vendramin ( já publiquei uma foto do palácio no blog), no Grande Canal, então propriedade do Duque della Grazia. A família Wagner ocupou uma suíte de dezoito aposentos, que foi decorada de forma magnífica. Wagner recebeu extraordinárias visitas nesses seus últimos dias: Liszt, o maestro judeu Hermann Levi (o primeiro a reger Parsifal), o pianista judeu Joseph Rubinstein (assistente musical de Wagner desde 1872), o pintor judeu Paul Jukovsky — durante toda a sua vida Wagner partilhou sempre a amizade de judeus — e ainda o compositor Engelbert Humperdinck. Como de costume, Wagner e Cosima passavam longos dias a ler os seus autores de eleição: Shakespeare, Goethe, Schiller e Calderón de la Barca. Às vezes Wagner tocava Bach ao piano .
Busto de Richard Wagner em Veneza

Na última visita que fez a Wagner, a 13 de janeiro de 1883, Liszt tocou uma peça que compôs de improviso, La Gondole Lugubre. Numa espécie de premonição, a peça representava a procissão de uma gôndola fúnebre pelos canais de Veneza e, exaxtamente um mês mais tarde, em 13 de Fevereiro, Wagner morreu subitamente de um ataque cardíaco, nos braços de Cosima e cercado pelos filhos. O seu funeral foi realizado em Bayreuth.

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