No genial filme «Prometheus» de
Scott, diz a certa altura a arqueóloga (uma Noomi Rapace excecional) para o
mercenário pago para a defender no planeta dos misteriosos «engenheiros»:
-Isto é uma expedição científica.
Não queremos aqui armas…
Espantosa, a confusão entre liberdade científica/ de escolha e capitalismo.
Ela é uma crente, a denominada cientista boazinha que acredita que a ciência é
uma coisa abstrata que paira acima de quem a paga… e não quer ali armas, porque
está acima disso, está a fazer algo em prol da humanidade. Acredita nisso, e
está a pô-lo em prática.
Na verdade, início deste filme é uma lição brilhante sobre a essência brutal
do capitalismo. O fantasma do pensamento de Adam Smith e a sua deusa da
iniciativa privada ( Charlize Theron, a ricaça Meredith Vickers) erguem-se em
todo o seu esplendor quando Vickers revela aos honestos cientistas
Elisabeth e Charlie que se ela pagou aquilo tudo, é ela que define a agenda da
expedição. Eles não passam de funcionários, só têm de lhe obedecer. Se queriam
a agenda deles, tivessem pago…
A lógica é infalível. Ouço-a diariamente na boca do Medina Carreira e do
idiota do Camilo Lourenço. (é claro que a Charlize é mais bonita e convincente…)
Quem nos paga o salário é que manda. Nós temos de obedecer.
Esta é a verdadeira
face da liberdade de escolha no capitalismo.
Quem paga, manda e escolhe.
Quando é que começamos a desmontar esta lógica fascista?